Com o dólar e a demanda do soja em alta, produtores paranaenses estão antecipando a venda do grão. Agricultores do estado já estão negociando as próximas duas safras, que ainda serão colhidas.
A partir do Porto de Paranaguá, a produção em grãos, farelo e óleo de soja são embarcados para mais de 180 países, principalmente para a China, que aumentou as importações em 2020.
Entre janeiro e novembro de 2020, a China comprou mais de 14 milhões de toneladas do complexo da soja, o que rendeu para o estado mais de R$ 25 bilhões.
O chefe do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), Salatiel Turra, explica que a China é um dos grandes parceiros comerciais e importador de soja do estado.
"O volume, em termos monetários, de exportação do complexo da soja como um todo representou um aumento significativo em torno de 6% em relação ao ano passado. Se a gente analisar a parte de grãos, aí a gente vê que 90% do que foi exportado de grãos da soja foi para China."
As lavouras de soja ocupam 5 milhões e 500 mil hectares no Paraná. A expectativa para a próxima safra é de mais uma superprodução, que deve passar de 20 milhões de toneladas.
Grande parte dessa soja, que ainda vai ser colhida em fevereiro, já está vendida. Os agricultores costumam fazer a chamada venda antecipada no início da safra.
A negociação antecipada está sendo feita por causa dos bons preços, já que os contratos são fechados em dólar.
O produtor Vitor Baggio plantou 500 hectares em São Carlos do Ivaí, no norte do estado, e já vendeu 30% da soja que espera colher.
"Cada vez a gente tá produzindo mais, graças à tecnologia, pesquisa, cuidando do solo, preservando também o que tem que preservar. A gente tá crescendo, graças a Deus", disse o produtor.
Preço da soja
Em 2020, a soja bateu recordes de preço, principalmente por causa do câmbio. No Paraná, a saca foi vendida, em agosto, por R$ 113 em média.
Isso representa 57% a mais do que no mesmo período de 2019, quando a soja foi negociada em R$ 72, em média. Além do câmbio, o aumento nas exportações pra China ajudou a aquecer o mercado.
O vice-presidente da Cooperativa Agroindustrial Cocamar, José Cicero Aderaldo, disse que a previsão é de aumento nas exportações para China, já que o país é um dos poucos com crescimento na economia em 2020.
"Esse mínimo crescimento da China já é suficiente pra fazer ela crescer no consumo de soja. Isso abre um horizonte de oportunidade muito grande para o nosso agricultor. Praticamente tudo o que ele vem investindo em crescimento de produtividade, a China vem absorvendo",