Apesar de “enganar” os meteorologistas, a chuva chegou de mansinho ontem, para alegria de todos. Ainda que em volume quase que insignificante, ajudou a melhorar a umidade do ar e aliviar o calor que fez o fim do inverno lembrar o auge do verão.
E, embora tão esperada no campo, ela não vai ser a salvação da lavoura. Desde o início do mês produtores esperam por umidade para iniciar o plantio da soja, só que especialistas alertam para os riscos de ir a campo agora.
O baixo volume pode até oferecer a umidade suficiente para germinar as sementes, mas não é suficiente para garantir o desenvolvimento da planta. “Com essa situação de pouca chuva, não se recomenda o plantio. O problema é que, com pouca precipitação, se não tem previsão de chuva para os próximos dias, pós-semeadura, pode ocorrer o que se registrou na ultima safra: desenvolvimento inicial da planta comprometido, que resulta em menor produtividade”, alerta a economista Jovir Esser, do Deral (Departamento de Economia Rural) do Núcleo da Seab (Secretaria de Agricultura e Abastecimento) regional de Cascavel.
A mesma recomendação é feita pela engenheira agrônoma Jean Marie Ferrarini, do Deral da regional de Toledo: “Volume muito baixo de chuva até agora. Precisa de uma chuva boa para plantar. Além disso, precisaria que tivesse uma chuva contínua de alguns dias após o plantio, pois, às vezes, a semente germina com essa umidade registrada, mas vem o sol quente e mata a planta”, ressalta.
Jean Marrie aconselha o produtor a ter cautela, paciência e aguardar o início do próximo mês para evitar prejuízos. “Até o começo de outubro fica tranquilo para plantar. A pressa é para plantar mais cedo o milho safrinha ano que vem. Parece que está se repetindo o fato que já foi registrado este ano: é preciso ficar atento à situação”, acrescenta.
Jovir também lembra que a fase inicial da safra é crucial para definir a produtividade. “O importante é fazer semeadura com umidade de solo adequada para garantir, pelo menos na fase inicial da safra, boa condição das lavouras, em especial num ano safra que já se desenha com precipitações irregulares, com o efeito La Ninã”, frisa Jovir.
Estimativa
Na regional de Toledo, devem ser cultivados 483 mil hectares de soja nesta safra, com produção estimada de 1,8 milhão de toneladas.
Já na regional de Cascavel, a área plantada deve ser de 516 mil hectares, com 2,012 milhões de toneladas.
Chuva pode voltar em 10 dias
O inverno se despede daqui a quatro dias, dando início à primavera na próxima terça-feira. De acordo com o Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná), não há previsão de registro de novas pancadas nos próximos dias, mas as temperaturas devem ficar menos elevadas que as registradas nos últimos dias. As máximas variam de 26ºC a 29ºC e as mínimas entre 11ºC e 14ºC, isso até o dia 23, quando voltam a ficar acima dos 30ºC.
Mas a boa notícia é que, segundo o Sistema, a chuva volta à região oeste no dia 28 e deve continuar por aqui pelo menos até 1º de outubro.
